quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Durante algum tempo trabalhei somente com livros. Com eles e para eles. Cuidando, revisando, reescrevendo, formatando. Sozinhos e em particular, quase ninguém vinha se meter nas nossas íntimas relações. Foi quando os alunos, aos poucos, começaram a chegar. Não diferente dos livros, aprendi bastante com alguns deles. E, sobretudo, pude perceber que trabalhar com gente é melhor que trabalhar com textos, pois o retorno é, de fato, mais humano, intimista, profundo. Antes dos alunos chegarem, eu vivia em um universo cujo centro era somente eu. Hoje, percebo que na escola dividimos tudo que somos e sabemos. Professores são seres tão universais quanto alunos. Por isso, hoje penso duas vezes antes de dizer que trocaria alunos por aquele silêncio cotidiano e frio da biblioteca nacional. Um dia aquilo lá pareceu ser o meu lugar, hoje já não é. Não é possível mais ser singular...

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

a praça

Imagino que todos nós tenhamos um objeto de fixação. Aquilo que não sai de dentro de nós nem com uma boa dose de whisky, nem com um interessante programa de rádio ou tampouco um gostoso jantar entre amigos. Alguns chamam este objeto de amor, outros atendem pelo nome de alguém. Há quem diga que o mesmo possa ser o próprio dinheiro, que se gasta, que se ganha, que se gasta, que se ganha. Ou esse jogo de vai-e-vem que também acontece entre as relações humanas. Existe gente para tudo, há desejos que apontam para coisas diversas.

Esta é a realidade, e eu, eu simplesmente não duvido de mais nada.

Porque a minha paixão sempre foi a praça. Cheia ou vazia. Era um tesão místico por aquela praça em frente à praia. Linda, que sempre foi tão doce comigo, acolhedora, mágica.

O meu universo paralelo.

E isso fez sentir-me estranha por todos esses anos, olhando só para dentro, ou muitas vezes, relativamente para trás.

Mesmo depois de dezenove anos morando em São Paulo, eu ainda acordava com a misteriosa vontade de ver a praça de minha cidade. Ia dormir sempre lamentando, um pouco, por não tê-la visto nunca mais, a não ser em uma velha foto que levava na carteira.

Não é engraçado que seja assim? Levar a foto de uma praça vazia em um lugar que poderia reservar meiguice das pessoas que eu amo?

Eu também me questiono sobre isso.

Foi então que resolvi voltar para onde jamais deveria ter saído. Mas sabe como é, ou foi. Anos atrás tive que vender meus caprichos de menina e minha vontade de nunca sair de Niterói, por alguma coisa que tivesse sustância monetária para acudir a mim e minha família. Tempos difíceis eram aqueles. Acho que leiloei minha vontade de não crescer por um apartamento grande, uma bolsa de estudos e um bocado de supostos novos sonhos. Eu me rendi, como talvez qualquer outro teria se rendido.

É o que me consola.

E isso me custou, de vez em quando, a reviravolta dos meus sentimentos. Do meu passado, das minhas histórias. Da minha praça.

O peso da saudade.

Malditas sejam essas irrecusáveis oportunidades que nos afastam do coração, dos amigos, de um antigo namorado. Daquelas coisas que a gente sonha tanto antes de pensarmos em nós mesmos.

Maldito seja o peso do dinheiro, do emprego, da cidade longe da nossa infância.

domingo, 1 de novembro de 2009


Preciso muito descansar...

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

"Somos donos de nossos atos, mas não donos de nossos sentimentos;
Somos culpados pelo que fazemos, mas não somos culpados pelo que sentimos;
Podemos prometer atos, mas não podemos prometer sentimentos...
Atos sao pássaros engailoados, sentimentos são passaros em voo."

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Minha, minha...

Desde que conheci a Eduarda, ela me aconselha a falar menos e obsevar/escutar mais. Sempre que vou dar opiniões extremamente pessoais, eu tento pensar na Duda me dando este conselho amigo. Mas, cara, às vezes me parece impossível! A opinião que eu tenho diante das coisas parece quase sempre saltar pra fora de mim em certas ocasiões. E isso acontece, muitas vezes, quando eu tenho a opção de ficar quieta. Acontece que quando eu não opino sobre certas coisas, parece que eu fico inquieta, parece que não estou sendo fiel aos meus conceitos, a mim mesma. Tudo bem, às vezes eu falo demais... me exponho demais para quem não merece sequer duas palavras da minha atenção. Mas minha opinião é minha filha... minha própria invenção, minha própria construção. Que eu só solto no mundo quando acho que amadureceu. Acontece que esse meu jeito me proporcionou belas facas de dois gumes... algumas pessoas são atraídas por gente de opinião, outras pessoas confundem isso com arrogancia e se afastam, não aceitam... (pensamento incompleto)
Amanda com certeza diria neste momento que eu preciso de um terapeuta...

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

A amante ideal...

"O amor é o desejo acima da vida. Talvez nunca tivesse dito sem o sentir uma tão profunda frase. Nenhum de nós nascidos e vividos na mentira e na tortura da mulher, compreenderia essa amante que existiu, como todas as coisas irreais. Mas, se nos fosse dado compreender - aos homens como às mulheres, todos nós invejaríamos a tua sorte e o prazer superior dessa suave perfeição. Para conservar o desejo é preciso não mentir, não pedir e não saber. Ela foi a amante ideal, a única sincera"
Um dos meus contos preferidos...
A Amante Ideal - João do Rio.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Queria ler todos os livros do mundo, mas não dá tempo. Fico, então, apenas com os melhores.
"Sou composta por urgências: minhas alegrias são intensas;
minhas tristezas, absolutas. Me entupo de ausências,
me esvazio de excessos. Eu não caibo no estreito,
eu só vivo nos extremos."
(Clarice Lispector)
Bom... me formei (e agora, josé?) e arrumei um emprego. Mas, a escola só volta dia 17 por causa da gripe suína. Desta forma, calculo mais uma semana de férias e menos uma semana de salário. Mas tudo bem... como diria meu pai, hoje mesmo no dia dos pais... "tudo tem seu preço". :) Estava dando uma revisada em alguns livros que já li e lembrei de um livro que minha mãe me deu (Bagagem, de Adélia Prado) no inicio da faculdade =] Não gosto muito, mas não gosto de admitir que não gosto. Os presentes da minha mãe tem um sabor sobrenatural... aí vai um trecho:
"O sonho encheu a noite
Extravasou pro meu dia
Encheu minha vida
E é dele que eu vou viver
Porque sonho não morre."

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Great Escape

A verdade seca meus olhos, boca e garganta. Agora me tráz um aperto e a falsa sensação de queda de pressão. A qualquer momento sinto como se estivesse indo ao chão. Mas, não é fato, eu sei. É só a verdade, é só o efeito da verdade. Que angustia mas deixo vir, porque combate o mundo de ilusões que não quero viver. Aceito, eu aceito tudo isso. Quero viver do que é certo, então eu vejo. Mas, no fundo, neste momento, não há nada que me faça mais mal que o mundo real e suas verdades.


Beijo
Lita.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Não aprendi dizer adeus...

"Não aprendi dizer adeus, não sei se vou me acostumar. Olhando assim nos olhos teus, sei que vai ficar nos meus a marca desse olhar. Não tenho nada pra dizer só o silêncio vai falar por mim...Eu sei guardar a minha dor, apesar de tanto amor! Vai ser melhor assim. Não aprendi dizer adeus, mas tenho que aceitar... que amores vem e vão, são aves de verão. Se tens que me deixar, que seja então feliz. Não aprendi dizer adeus, mas deixo você ir, sem lágrimas no olhar, se adeus me machucar. O inverno vai passar..."
Boa sorte, amiga.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Coragem...

"Só há duas formas de tratar de amor. Depois que ele aparece, ou ele cresce desenfreadamente, ou ele simplesmente muda. Mas morrer, isso nunca. Amor e fim, não existe e nem combina. É antagonia, antítese, paradoxo ou como você quiser chamar, sem que saia desta idéia. Não vou dizer se amar alguém é bom ou ruim, mas posso alertar que uma vez amando, isso não se desfaz. Mesmo com a correria das pessoas, os gritos, as mágoas, ele é maior que essas palavras e ecoa em tudo que possa absorver o bem. O amor é caminho sem volta, mesmo quando o caminho é derrota. Isso percorre o tempo, a vida, o mundo, você sozinho ou você na multidão. E disso, é uma das poucas coisas que eu sei. Não me imagino dizendo que deixar de amar, porque eu tento evitar mentiras e ser fiel aos meus próprios sentimentos.
[...]
Só quem ama de verdade, desenfreadamente ou de maneira que mude, entende todas as nossas decisões, medos, vontades e defeitos. Só quem ama de verdade, consegue nos esperar até o momento certo. Só quem nos ama de verdade, faz todo tipo de procura e loucura valer a pena. Só quem ama de verdade vai nos querer bem, aconteça o que acontecer... Só quem ama de verdade é o tipo de pessoa que eu procuro pra mim. Só quem ama de verdade, é o tipo de gente que eu desejo pra você."
Coragem,
Beijos
Talita

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Final de Período.

"Gosto das palavras obscenas que inventamos juntos,
feitas de restos de barcos e impérios, lodos e dolos do
nosso passado comum estoirado pelas costuras."
(PEDROSA, 2008, 176)
- fantástico!

domingo, 19 de julho de 2009

A eternidade e o desejo...

"No fundo, a petulância da Lua não era mais do que uma consequência do desamor do sol por ela, que se punha a fugir mal a via aproximar-se. Também o amor dos seres humanos pela Lua e pelas estrelas é fruto da enorme distância que os separa. Talvez por isso, é infinito. Como o sexo" (PEDROSA; 2008; 82)
Andava de mau humor até começar a ler o livro da Inês Pedrosa. Ela é uma escritora portuguesa e esse é o primeiro livro dela ambientado no Brasil. Acho que nos últimos 3 anos tenho achado a literatura portuguesa um saco, um amontoado de ficções que só tematizam o próprio umbigo de Portugal. Por isso estou tão feliz... Inês Pedrosa é um achado. =)

domingo, 12 de julho de 2009

x

"Doer, dói sempre. Só não dói depois de morto. Porque a vida toda é um doer."

terça-feira, 7 de julho de 2009

A margarida...

"Vimos uma margarida e nem sequer era primavera
e dissemos quase juntos que margarida
era então desespero cercado de
paz por todos os lados..."

sexta-feira, 3 de julho de 2009


"E vejo os telhados onde jogávamos migalhas de pão para os passarinhos, escondidos para não assustá-los, até que eles viessem, mas não vinham nunca, era difícil seduzir os que têm asas, já sabíamos, mas ainda assim continuávamos jogando migalhas que a chuva dissolvia, intocadas."
(Caio Fernando Abreu)



sábado, 27 de junho de 2009

It don't matter if you're black or white...

"Thank you for all of the amazingly talented entertainment you've given to us all throughout our lives as we grew up with you. I hope you have a nice cozy spot in heaven. Thank you!"
.
Incrível como tenho ouvido as músicas do MJ em todos os lugares agora. São as pessoas na rua, são os fundos dos documentários, dos jornais, das lojas de cd, dos blogs! Tive uma grande surpresa, tanto que quando eu soube... eu achei que fosse brincadeira. Jamais imaginei que MJ iria embora tão cedo. Acho que agora ele descansa de todas as críticas, de todas as denúncias, de todos os comentários ferrenhos sobre sua imagem, sua personalidade, sua sexualidade. Acho que agora sim, ele descobrirá a paz que muito pouco deve ter acontecido em vida.
"I Said If
You're Thinkin' Of
Being My Baby
It Don't Matter
If You're
Black Or White
I Said If
You're Thinkin' Of
Being My Brother
It Don't Matter
If You're
Black Or White"

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Mais uma ignorante social...

Postando mega rápido antes de encarar mais uma aula sineeestra de Sociologia Geral. Apesar do professor insistir que Sociologia é uma ciência e Literatura apenas um entretenimento (hein?), eu gosto das aulas mesmo viajando muita coisa dentro delas. No dia que ele escreveu no quadro: "A idéia de alma resulta, portanto (aqui deveria existir uma outra vírgula) da força anônima do maná que se cristaliza no totem", percebi que estava fudida desde aquele instante, 3 semenas antes da prova. Afinal, a unica coisa que eu sei... é que Maná é uma banda de rock mexicano e Totem, o pai dos meninos que fundaram o bloco "Filhos do Totem" em Paraty.

Tô atrasada, beijos.


segunda-feira, 22 de junho de 2009

Eu não duvido já escuto os teus sinais...

"Na bruma leve das paixões que vêm de dentro
Tu vens chegando pra brincar no meu quintal
No teu cavalo, peito nu, cabelo ao vento
E o sol quarando nossas roupas no varal
Tu vens, tu vens...
Eu já escuto os teus sinais
A voz de um anjo sussurrou no meu ouvido
E eu não duvido já escuto os teus sinais
Que tu virias numa manhã de domingo
Eu te anuncio nos sinos das catedrais"
  • (Alceu Valença)

A amizade

"Quem fala com educação ganha muitos amigos; quem fala com delicadeza recebe respostas amáveis. Diga 'bom dia!' a muitas pessoas, mas peça os conselhos de somente uma pessoa entre mil. Só depois de pôr a alguém à prova é que você deve considerá-lo seu amigo; e não vá confiando logo nele. Pois há amigos que duram pouco; nos dias difíceis, eles desaparecem. (....) Um amigo fiel é um abrigo seguro; quem acha um amigo desses encontra um tesouro. Não há nada mais valioso do que um amigo fiel; o seu valor não pode ser medido." (Biblia Sagrada)
.
A bíblia não é apenas um instrumento religioso cristão. É também um grande livro sobre situações e ensinamentos humanos. Algumas pessoas não leem (e não creem) a biblia por preconceito, intolerância e às vezes, por pura ignorância. Para aqueles que não são cristãos, não tem religião ou não são tão apegados aos hábitos religiosos, a biblia também serve como grande fonte filosófica e literária. Ninguém vira cristão só em ler a bíblia, mas com certeza pensa muito mais na vida e nas coisas ao redor. As pessoas podem ler a bíblia exatamente como leem Clarice Lispector... mas muitas vezes preferem negá-la antes mesmo de conhecer. Uma pena!

quinta-feira, 18 de junho de 2009

=]

Fico triste de pensar que não a tenho mais comigo, mas dps penso que ela está melhor agora, sem sofrer, sem chorar, perto de outras pessoas que ela amava tbm. Tenho absoluta certeza que ela está no lugar onde merece estar. Num lugar mais confortável e mais bonito onde ela vai esperar por pessoas como ela: capazes somente de promover o bem ao próximo, capazes somente de incentivar o carinho, o amor e a compaixão. Minha avó foi um dos exemplos de vida mais bonitos que eu tinha-tenho. Por isso, recuso-me a acreditar que a morte é um ponto final. Prefiro acreditar que existe muito dela dentro da minha família, do meu mundo. Sei que estaremos fisicamente distantes durante muito tempo, mas não tem jeito. Hoje, tenho uma vontade muito maior de viver, muito maior de vencer. Porque quando chegar o dia de rever a minha querida, quero estar repleta de novidades e de coisas que deram certo. Exatamente como ela disse que seria e como eu prometi que seria. A vida é mesmo passageira, mas o amor... esse não tem fonte e nem tempo que possa fazer esgotar. Disso eu tenho certeza.

quarta-feira, 17 de junho de 2009


"Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim

Eu sei e você sabe que a distância não existe

Que todo grande amor só é bem grande se for triste

Por isso, meu amor, não tenha medo de sofrer

Pois todos os caminhos me encaminham prá você

Assim como o oceano só é belo com o luar

Assim como a canção só tem razão se se cantar

Assim como uma nuvem só acontece se chover

Assim como o poeta só é grande se sofrer

Assim como viver sem ter amor não é viver

Não há você sem mim e eu não existo sem você"

(Vinícius de Moraes)

Você continua a existir dentro de mim...

domingo, 14 de junho de 2009

E nem assim se pôde evitar...


"Vejo-te em cada prisma, refletindo diagonalmente a múltipla esperança. E te amo, te venero, te idolatro, numa perplexidade de criança"

(Vinícius de Moraes)
Minha querida avó e amiga, como viverei sem a sua companhia?

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Ele é mais... sentimental que eu.

Diversas vezes, dizemos aos amigos "conte(m) comigo". Mas isso é pouco ou raramente dirigido aos pais, aos irmãos. Será que esse tipo de coisa é suficiente e totalmente implícita entre os entes, que não precisa ser pronunciada, confirmada, certificada? Às vezes, passa pela minha cabeça estarmos inteiramente errados quando tratamos amigos como parentes e parentes como estranhos. Às vezes, negamos a voz e os abraços para aqueles que mais tem mérito sobre nossos melhores gestos. Quando penso nisso, me sinto fruto de uma ingratidão tão grande, tão grande, que só meus pais compreenderiam e me perdoariam por isso. Tenho pensado excessivamente no meu pai e em quanto eu poderia estar dizendo "conte comigo", mas sempre que isso chega pertinho da boca, prestes a sair... me sinto pequena ainda para dizer que eu sim posso tomar conta dele. Nesse momento, eu só queria ser grande o bastante para mudar nossos destinos... mas, mais uma vez, eu me sinto menor do que eu gostaria de ser para nós.


terça-feira, 9 de junho de 2009

Estrela pra dar sorte...

"A vida me sorriu, permitiu você nascer
Estrela pra dar sorte
Por tudo o que a gente fez
É pura tua luz, teu rosto, teu olhar
Quando você está longe
A mim só resta lembrar"

(Frejat)

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Pois é...



"Protesto a distância quando há amor"

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Ele...

"Mais um dia, mais uma batalha na guerra da vida. Ele acorda com o despertador após mais uma noite mal dormida, com o mesmo medonho sentimento niilista de sempre. Toma seu banho, apenas desejando voltar ao seu mundo de fantasias noturno, onde a incerteza e o medo não existem. Ele se atrasa mais uma vez ao colégio, pega sua mochila, onde tem tudo que precisa para suportar mais um dia junto com a escória do mundo. Percorre o mesmo caminho matinal. Os mesmos senhores sentados na cadeira na padaria da esquina, as mesmas moças, jovens e esbeltas, indo a academia apenas para a manter a aparência perfeita, perfeita para os Outros. Os mesmos sons, as mesmas imagens, os mesmos olhares n’Ele, a mesma rota, a mesma distância. A mesma dúvida. Por que continuar? Por que seguir a mesma rotina? Por que aprender apenas para ser classificado e rotulado por pessoas que não conhecem nada de sua personalidade e essência?Chegando na última rua antes do colégio, Ele decide virar para o lado oposto, apenas para brincar com o destino, a vida, a rotina. Ao andar para o lado oposto, Ele sente um certo gosto de felicidade e ironia, como se tivesse desobedecendo a ás leis da vida, a ordem, a cronologia, a sua sentença, e quem sabe, sente até mesmo um gosto de vingança. Após algumas passadas, Ele começa a se sentir perdido, desorientado, já não sabe mais que caminho seguir, que direção tomar. Todos seus planos psicológicos de mudar o inalterável vinham á cabeça em forma de figuras destorcidas. Ele já não tinha a mesma vontade de seguir seu próprio caminho, a insegurança o preenchia por completo, e tudo que precisava era dar meia volta.Conformado com sua situação, Ele desistiu de ser alguém. Ele é apenas Ele. Mais Um no meio de tantos Outros. Ele voltou ao seu velho caminho, a mesma trajetória, a mesma rotina, com o mesmo fardo, o mesmo peso, o mesmo sentimento niilista de alguns minutos atrás, a mesma vontade de contrariar a vida mais uma vez. Ele chega ao colégio. Percebe que nada mudou, sente-se aliviado por se sentir a salvo com a mesma e velha rotina. Depois de um tempo sentado, Ele começa a pensar, a se corroer, a se masturbar, com o mesmo pensamento que lhe vinha todos os dias naquele momento: "O que me aconteceria se eu tivesse seguido o outro caminho?' "

Carlos José Oliveira de Almeida Costa.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Brincadeira que custou caro...

"O Ministério Público do Trabalho em Osasco, na Grande São Paulo, anunciou nesta segunda-feira (25) que promoveu uma ação civil pública contra a emissora de televisão SBT, com sede na mesma cidade, por entender que a participação da menina Maisa em programas de TV descumpre a legislação trabalhista.

O procurador Orlando Schiavon Júnior também apresentou pedido de liminar para que a emissora pague indenizações por lesão aos direitos coletivos e por danos morais a Maisa. Procurada pelo G1, a assessoria de imprensa do SBT afirmou que ainda não foi notificada a respeito e que não iria se pronunciar.

'Entende o Ministério Público do Trabalho ser bastante razoável a fixação da indenização pela lesão a direitos coletivos no valor de R$ 1 milhão em virtude do desrespeito a normas que protegem os menores de idade e à exposição pública da criança a medo, susto, pânico e até mesmo de dor física - ao bater com a sua pequena cabeça em uma câmera -, que em nada contribuem para a sua formação", diz o pedido de liminar.' "

Precisou a Justiça se coçar para que as pessoas vejam que expor crianças ao ridículo é crime e não tem graça. O que é isso, Brasil?

quarta-feira, 20 de maio de 2009

"Ser aceito não é receber a concordância. É receber até a discordância, mas dentro de um princípio indefinível e fluídico de acolhimento prévio e gratuito do que se é como pessoa. Ser aceito é ser percebido antes de ser entendido. É ser acolhido antes de ser querido. É ser recebido antes de ser conhecido. É ser experimentado antes da experiência. É, pois, um estado de compreensão prévia que abre caminho para uma posterior concordância ou discordância, sem perda do afeto natural por nossa maneira de ser. Ser aceito implica mecanismos mais sutis e de maior alcance do que os que derivam da razão. Implica intuição; compreensão milagrosa porque antecipatória; conhecimento efetivo e afetivo do universo interior; compreensão pela fraqueza; cuidado com as cicatrizes e nervos expostos, tolerância com delírio, tolices, medos, desordens, vesícula preguiçosa, medo do dentista ou disritmia. Ser aceito é ser feliz. Raro, pois. Quer fazer alguém feliz? Aceite-a em profundidade. E depois discorde à vontade. Ela aceitará." (Autor Desconhecido)

segunda-feira, 18 de maio de 2009

You live, You learn...


Eis aqui a mais sábia das questões:
"Selfish person ends alone"

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Por que somos amigos?

Sei que há muito tempo não frequento as aulas de ciências, mas se bem me lembro, frente a evolução das espécies, Charles Darwin considerou que "Seleção Natural" era o processo pelo qual os seres vivos adaptavam-se melhor ao meio que viviam. Era também uma forma de especialização, de melhorar, geração a geração, cada ser da cadeia. De certa forma, era um tipo de reciclagem que proporcionava a paulatina eliminação de um material genético desfavorável aos seres. Hoje, quando me perguntei "Por que somos amigos?", imaginei o mesmo procedimento. Somos amigos porque nós, através da ciência, fizemos essa escolha. Muitos vão dizer que a amizade não pode ser tão determinista assim, que amizade é somente o que sentimos e que em sentimentos não cabem razões ou empirismo. Mas se repararmos bem, na mesma posição de bichos de uma cadeia infinita e intimista, nós escolhemos apenas aquilo que nos proporciona crescimento e estabilidade. Nós somos amigos porque reciclamos todo o resto, filtramos muitas das possibilidades e nos encontramos. Assim, nos adaptamos, melhoramos um ao outro. Aprendemos a compreender o meio e encontrar nossos valores nesse grupão de humanos que fazemos parte.
De uns tempos para cá, nada me pareceu mais Darwin que a nossa amizade. Então, por que não dizer que somos feitos também... de pura ciência?
.
Talita Rosetti

sexta-feira, 24 de abril de 2009

O amor comeu...

"O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.

O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte."

João Cabral de Melo Neto.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Seja o que Deus quiser...


"Eu não tenho enredo. SOU INOPINADAMENTE FRAGMENTÁRIA. Sou aos poucos. Minha história é viver. E eu só sei viver as coisas quando já as vivi.


Não sei viver, só sei lembrar-me." (Clarice)



Estranho como "topei" com essa frase e pensei automaticamente em mim mesma. Acho que Clarice tem esse poder: empurrar a gente para o abismo da auto-identificação, do medo mais profundo, do sentimento mais escondido. Não tenho sabido viver, só tenho tenho feito lembrar... lembrar... lembrar... o que virá depois?


segunda-feira, 13 de abril de 2009

Manhã de Sol com Azulejos.

Tudo se veste da cor de teu vestido azul
Tudo - menos a dona do vestido:
meus olhos te passeiam nua
pela grama do campo de golfe

Uma curva e eis-nos diante de meu coração

Não amiga não temas
meu coração;
é apenas um chapéu surrado
que humildemente estendo
para colher um pouco de tua alegria
de tua graça distraída
de teu dia

( Francisco Alvim, 1968)


Ai Deus, "como você me dói de vez em quando".