quarta-feira, 25 de novembro de 2009

a praça

Imagino que todos nós tenhamos um objeto de fixação. Aquilo que não sai de dentro de nós nem com uma boa dose de whisky, nem com um interessante programa de rádio ou tampouco um gostoso jantar entre amigos. Alguns chamam este objeto de amor, outros atendem pelo nome de alguém. Há quem diga que o mesmo possa ser o próprio dinheiro, que se gasta, que se ganha, que se gasta, que se ganha. Ou esse jogo de vai-e-vem que também acontece entre as relações humanas. Existe gente para tudo, há desejos que apontam para coisas diversas.

Esta é a realidade, e eu, eu simplesmente não duvido de mais nada.

Porque a minha paixão sempre foi a praça. Cheia ou vazia. Era um tesão místico por aquela praça em frente à praia. Linda, que sempre foi tão doce comigo, acolhedora, mágica.

O meu universo paralelo.

E isso fez sentir-me estranha por todos esses anos, olhando só para dentro, ou muitas vezes, relativamente para trás.

Mesmo depois de dezenove anos morando em São Paulo, eu ainda acordava com a misteriosa vontade de ver a praça de minha cidade. Ia dormir sempre lamentando, um pouco, por não tê-la visto nunca mais, a não ser em uma velha foto que levava na carteira.

Não é engraçado que seja assim? Levar a foto de uma praça vazia em um lugar que poderia reservar meiguice das pessoas que eu amo?

Eu também me questiono sobre isso.

Foi então que resolvi voltar para onde jamais deveria ter saído. Mas sabe como é, ou foi. Anos atrás tive que vender meus caprichos de menina e minha vontade de nunca sair de Niterói, por alguma coisa que tivesse sustância monetária para acudir a mim e minha família. Tempos difíceis eram aqueles. Acho que leiloei minha vontade de não crescer por um apartamento grande, uma bolsa de estudos e um bocado de supostos novos sonhos. Eu me rendi, como talvez qualquer outro teria se rendido.

É o que me consola.

E isso me custou, de vez em quando, a reviravolta dos meus sentimentos. Do meu passado, das minhas histórias. Da minha praça.

O peso da saudade.

Malditas sejam essas irrecusáveis oportunidades que nos afastam do coração, dos amigos, de um antigo namorado. Daquelas coisas que a gente sonha tanto antes de pensarmos em nós mesmos.

Maldito seja o peso do dinheiro, do emprego, da cidade longe da nossa infância.

domingo, 1 de novembro de 2009


Preciso muito descansar...