sexta-feira, 24 de abril de 2009

O amor comeu...

"O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.

O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte."

João Cabral de Melo Neto.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Seja o que Deus quiser...


"Eu não tenho enredo. SOU INOPINADAMENTE FRAGMENTÁRIA. Sou aos poucos. Minha história é viver. E eu só sei viver as coisas quando já as vivi.


Não sei viver, só sei lembrar-me." (Clarice)



Estranho como "topei" com essa frase e pensei automaticamente em mim mesma. Acho que Clarice tem esse poder: empurrar a gente para o abismo da auto-identificação, do medo mais profundo, do sentimento mais escondido. Não tenho sabido viver, só tenho tenho feito lembrar... lembrar... lembrar... o que virá depois?


segunda-feira, 13 de abril de 2009

Manhã de Sol com Azulejos.

Tudo se veste da cor de teu vestido azul
Tudo - menos a dona do vestido:
meus olhos te passeiam nua
pela grama do campo de golfe

Uma curva e eis-nos diante de meu coração

Não amiga não temas
meu coração;
é apenas um chapéu surrado
que humildemente estendo
para colher um pouco de tua alegria
de tua graça distraída
de teu dia

( Francisco Alvim, 1968)


Ai Deus, "como você me dói de vez em quando".